segunda-feira, 10 de novembro de 2014


TOSHITAKA, Mizuno - Arqueiro Samurai, 1899 <http://ukiyo-e.org/image/artelino/21793g1>


quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Dois poemas da coletânea Senzaishû (1188)

Quando recluso em um templo da montanha, uma pessoa alojada no prédio principal me perguntou quando eu partiria, a quem eu respondi:


Renunciei ao mundo
e nessa palhoça 
recomecei a vida,
então como poderia eu mudar
as cores deste manto tingido.

Kakushun (1060-1141)



* * *




Quando fui à Kôya, fui onde o monge Jôren tinha uma palhoça perto do Oku no in¹, e encontrei-a muito movimentada; na volta, enviei-lhe este poema:



Devemos achar
este sereno tão
passageiro quanto nós,
ainda que nesta cabana
meu coração hesite.

Fujiwara Sanekuni (1140-1183)





¹Oku no in (奥の院) é o mausoléu do Monte Kôya, é cercado pelo maior cemitério do Japão.


Senzaishû (Coletânea dos cem anos, 1188) é a sétima antologia imperial de waka. No Japão findava a Era Heian, período de estabilização das influências budistas e taoistas da China, a eminência de um golpe militar parecia clara depois das Guerras Genpei, vê-se o começo do primeiro de três longos xogunatos, o imperador assume função decorativa e os compromissos políticos e administrativos são assumidos pelos clãs samurai vitoriosos. Apesar de Go-Shirakawa, o imperador naquela ocasião, não ser especializado em waka, ele utilizou os talentos de Fujiwara Shunzei - samurai insurgente, para restaurar o prestígio desta nobre poética, que tinha sido subestimada depois das duas últimas coletâneas predecessoras: o Kin'yoshû (Coletânea das Folhas Douradas, ca. 1124) e Shikashu (Coletânea das Flores Verbais, 1151) ambas contendo apenas dez livros sem prefácio. Senzaishû foi uma tentativa de retornar ao Kokinshu (ca. 905) restabelecendo o prefácio e o formato de vinte livros.


Kakushun (覚舜) nasceu em 1060 como Fujiwara Mototoshi, foi poeta nascido nobre tornou-se monge budista e praticou a reclusão. Participou e organizou diversos concursos de waka. Fujiwara Sanekuni nascido em 1140 foi mais um dos abastados Fujiwara, já na época clã consolidado na política oficial.




Retrato de Kakushun, nobre guerreiro. 

Curso de Zen Shiatsu


O Instituto Novo Ser e o Instituto KenZen abrem matrículas para o curso de Zen Shiatsu ministrado pelo Sensei Wagner Thiele

Apesar do termo Shiatsu ter surgido apenas no século XX, suas origens remontam ao Japão e China antigos. Podemos encontrar suas raízes nas terapias Teate, prática milenar com origens xintoístas, cujo nome se refere ao instinto básico de se tratar o corpo enfermo através das mãos; Anma, que se baseia nos conceitos de energia vital (Qi) e visualiza o corpo através de meridianos de energia; Tao Yin (Dao In/Dō In), que dá origem às práticas de cultivo de qi através de movimentação e respiração como o Qi Gong e o T'ai Chi Ch'uan; e do Angyô, que corresponde ao que hoje temos como Shiatsu, citado no clássico da Medicina Tradicional Chinesa Huangdi Neijing - Princípios de Medicina Interna do Imperador Amarelo como tratamento por aplicação de pressão com as mãos ou com os dedos sobre os meridianos do corpo e por alongamento dos órgãos do paciente, promovendo o equilíbrio físico e energético, bem como a reabilitação funcional.

Neste curso será abordado:
Introdução ao significado de Zen;
Introdução ao significado de Shiatsu,
Princípios do yin yang,
Anatomia dos canais e pontos,
Diagnóstico,
Tratamentos,
Avaliação dos processos psicossomáticos,
Criação de ambientes para prática
Formação de terapeutas

Matrícula: R$100
Investimento: R$300 por mês.
Uma aula por semana de 2h.
Quinta das 7h às 9h.
Início dia 4/12/2014 até 2/7/2015
Facilitador Wagner Thiele

Inscrições através do Instituto Novo Ser
Rua Maria Aparecida Keiralla, 45 Sousas - Campinas
(19) 3258-8947 - institutuumnovoser@gmail.com


Referências: http://www.shiatsu-mtj.be/en/origins.html

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Ikkyû Sôjun (1394-1481)

Essencialmente,
todas as vidas, os eus passados
se foram da natureza -
sem destino,
sem lugar, sem valor.



* * *



Sem início,
plenamente sem fim,
a mente nasce 
para a luta e o esforço,
e morre - e assim é o vazio.



* * *



Como orvalho sumindo,
uma aparição vaga
ou o cintilar repentino
do trovão - já se foram -
assim devemos nos considerar.



* * *



A lua é uma casa
aqual a mente é mestra.
Olhe atentamente:
apenas a impermanência dura.
Este mundo flutuante, também passará.



* * *



Um aviso contra o cochilo

Passando uma alta carruagem,
o motorista assustado desperta.
Render-se ao sono convida disastres.



* * *



Canção do Jardim Onírico

Repouso no seu colo no jardim dos sonhos,
florinhas com seus perfumados gametas,

cantando, sorvendo do seu córrego -
Poente. Luar. Nossa canção persiste.





一休宗純 (Ikkyû Sôjun), foi realocado depois de nove dias como diretor do Daitoku-ji, grande complexo monástico de Kyoto, denunciou a hipocrisia dos monges convidando-os para conversar "em salões de sake e prostíbulos" que secretamente frequentavam. Aos setenta, ele escandalizou a comunidade budista por se apaixonar por uma jovem cantora cega e levá-la a morar consigo em seus aposentos. Ele supervisinou a reconstrução do Daitoku-ji depois de um incêndio devastador e tornou-se parte de um grupo de artistas - incluindo Murata Shoko na cerimônia do chá, Sôgi nos repentes rimados em dupla (連句), Zenchiku no teatro No - estes trouxeram o Zen no profundo das artes japonêsas. A tradição Sôgi de pintura com nanquim foi composta interamente por estudantes de Ikkyû. Ele revolucionou a arte da shakuhachi (flauta vertical de bambu).

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Saigyô (1118-1190)

Essa pobre palhoça
de pau pode soar
miserável, mas
rápido pude encontra-la
absolutamente adequada.



* * *



O exato contrário
do que havia pensado, nuvens passageiras
são algumas vezes simples 
entretenimento pra lua,
sua amada decoração.



* * *



Fundo nas montanhas,
a água respinga rocha abaixo.
Se pudesse pará-la,
tinha ido procurar nozes
que caem só essa vez no ano.



* * *


Sobrevejo tudo
do alto da cerejeira:
até as flores
crescem tristes - elas mais uma vez
retornarão a saudar a primavera?





Saigyô foi um famoso arqueiro e poeta japonês, um monge que a prática do sabi (retiro) nos seus waka (poemas curtos de 5 linhas) frequentemente abriram os olhos dos poetas e outros Zen para a solidão essencial da prática, o exílio do trabalho para a "iluminação". Saigyô foi um viajante que em suas peregrinações escreveu poemas e influenciou gerações, aos vinte e três anos deixou sua influente família para fazer votos budistas. Sua vida e trabalho inspirou Ikkyû, Bashô, Ryôkan, e incontáveis grandes poetas japoneses. Passou a maior parte da sua vida como um monge itinerante.

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Chiao Jan (730-799)

Inscrito na cabana à beira do lago

Se você quer morar em uma montanha...
não vá até a India para encontrar uma.
Eu tenho milhares de picos
para subir bem daqui do lago.
Matos perfumados e núvens brancas 
mantêm-me aqui.
O que te mantêm aí,
morando no mundo?



 * * *




O riacho adiante

Os sons da primavera já se aquietam,
diante da fonte continuamente borbulhante.

É um erro, meus modernos camaradas,
machucar o coração por tentar
atravessar este rio.



* * *



Escrito no Templo Flor do Direito sobre um monge que vi sentado em zazen  à beira do rio.


A rota segue nos pinheiros murmurosos - de longe é ainda mais estranho.
Montanha e suas luzes e cores na água, estufada, esfarrapada.

No penhasco do meio, em zazen, sozinho, um monge
senta encarando um ramo de acassia: já velho, há tempos.





Chiao Jann (730-799) era um familiar distante de Hsieh Ling-yun, e foi um dos primeiros mestres poetas Ch'an reconhecidos, foi um notável crítico literário. Desistiu de escrever poesia quando sentiu que essa vontade ficava entre ele e a iluminação. 


quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Questionando o Mestre Taoísta "sobre o vazio"

Então, diga que meus caminhos diferem dos seus.
Nós dois somos velhos já na barba e no cabelo.
Dizem que as palavras podem matar a fé.
Eu gosto de arranjar flores de primavera em um velha e rústica urna funerária.



Kuan Hsiu (832-912) foi honrado por seus contemporâneos como o maior poeta dos útlimos anos da dinastia T'ang. Também foi um retratista inovador, mestre técnico saltou de uma versificação clássica de quatro caracteres por linha para a nova e popular tz'u na qual novas lírica arriscavam velhas modas.